Dia Nacional da Alfabetização é um convite à reflexão sobre os benefícios de um repertório linguístico-cultural ampliado
Dia Nacional da Alfabetização é um convite à reflexão sobre os benefícios de um repertório linguístico-cultural ampliado
Em 14 de novembro, comemora-se o Dia Nacional da Alfabetização. A data ressalta a relevância da leitura e da escrita no desenvolvimento dos indivíduos: iniciada por volta dos 6 anos, a alfabetização é crucial para que a criança se comunique e interaja com a sociedade. O letramento, processo complementar à alfabetização e que dá sentido social a ela, é iniciado antes, na primeira infância, quando por meio de situações cotidianas a criança já consegue interpretar códigos.
Ser alfabetizado significa compreender e utilizar de um sistema de escrita. Isso demanda certo tempo. Tempo que começa quando nascemos e nunca termina, pois estamos sempre aprendendo novas maneiras de nos comunicar, em um processo contínuo de aprendizagem.
Com a velocidade com que os avanços tecnológicos acontecem, aliada à conectividade cada vez maior entre pessoas de diversas partes do mundo, a data também é um convite à reflexão sobre a comunicação e a necessidade que indivíduos têm de se adaptar a essas transformações e de transitar por diferentes culturas. Nesse cenário, a alfabetização em inglês e português, simultaneamente, ganha destaque tanto nos ganhos cognitivos, quanto nos ganhos sociais, como também, no desenvolvimento de competências e habilidades.
De acordo com o estudo Bilingual Brains, publicado pela revista científica da Universidade de Standford voltada para pesquisa em educação, a The Cutting Edge, o bilinguismo fortalece as vias do cérebro e melhora a eficiência neural. Em experimento, as crianças bilíngues demonstraram maior habilidade de autocontrole, evitando distrações e organizando informações, mais rapidamente, do que crianças monolíngues.
Para Denise Lam, diretora pedagógica da Red House Internacional School, uma escola internacional bilíngue que adota o processo de biletramento, o aprendizado do inglês no mesmo patamar que a língua materna favorece o acesso dos alunos aos diversos conhecimentos existentes no mundo. “É através do repertório linguístico que a criança irá construir o seu conhecimento. Por isso, com o bilinguismo ela terá um repertório maior, que ampliará o seu leque de informações, colocando-a em contato com um mundo ainda mais rico e diverso. Esse benefício irá acompanhá-la por toda a vida.”
Por que começar desde cedo?
É cientificamente comprovado que crianças têm mais facilidade em aprender uma segunda língua, na primeira infância. De acordo com a pesquisa divulgada na publicação científica The Journal of Neuroscience, realizada por cientistas do Kings College em Londres e da Brown University em Rhode Island, entre dois e quatro anos de idade existe uma janela crítica de formação no cérebro para aperfeiçoamento da linguagem. Esse período é quando as habilidades envolvidas no processo de alfabetização se desenvolvem mais rapidamente.
Denise conta que mesmo com essas comprovações científicas, ainda há o mito sobre a possibilidade de que os alunos confundam os dois idiomas. “Deve-se levar em conta que os diferentes estágios de desenvolvimento linguístico, popularmente conhecidos como “erros” (por exemplo, de concordância, conjugação e pronúncia), cometidos na própria língua nativa, durante o desenvolvimento linguístico, também vão acontecer na segunda língua, o que é natural. E não somente isso! Há processos desenvolvimentais advindos da primeira língua, da segunda, e também da interação entre as duas. Tudo isso faz parte do repertório do bilíngue, e é diferente do processo monolíngue. Precisa-se, pois, de uma “régua bilíngue” para essa avaliação. Ao se comparar bilíngue e monolíngue, os processos, embora muito semelhantes, são confundidos como certo e errado, devido à construção dos diferentes repertórios linguísticos. Com o tempo, os aprendizes resolvem esses problemas, da mesma forma que o fazem na sua língua de socialização, também chamada de língua nativa ”, explica a diretora. Denise atenta ainda para o fato de que mesmo com a resolução dos problemas desenvolvimentais, o bilíngue ainda apresenta um repertório linguístico composto de dois sistemas, e isso, por si só, já caracteriza uma diferença em relação ao monolíngue. Em outras palavras, o bilíngue não é a somatória de dois monolíngues, mas, sim, um bilíngue.
Na medida em que as crianças são expostas a contexto linguísticos, elas constroem suas próprias referências e padrões de cada língua, no caso da RED HOUSE, primordialmente no inglês como língua de instrução, pois o tempo de exposição é maior, em quantidade de horas, durante a rotina diária. Já o português é trabalhado nas aulas de Língua Portuguesa, Cultura Brasileira e Estudos Sociais. É bastante interessante observar como as crianças percebem com quem irão interagir e optam pela língua adequada para estabelecer um diálogo, alternando o uso das duas línguas, de acordo com os contextos.